A amada. O amante
Amava ela.
E,
por isso, tantos amores.
O gostar,
o querer era tanto que,
por si mesmo, bastava.
Às vezes, era só pensar nela
para sentir-se pleno,
completo,
pronto para a morte
ou para alguma eternidade.
Não a esqueceria nunca,
achava.
Era fácil então ter em mãos
várias outras mulheres de classes,
cores,
tamanhos e sapatos diferentes.
Amar alguém como ela,
que nada dentro dele deixava faltar,
o tornava seguro,
Psicólogo,
professor
e pai de quem chegasse.
Ele só era lindo e perfeito
por que amava muito ela.
Não havia culpa.
O que sentia por ela
era maior que tudo,
não precisava se preocupar
ou se perder em escolhas.
Era só não dizer,
não magoar.
Com as outras havia tesão,
conversa, alegria e,
o que mais gostava,
novidade.
Mas com ela,
isto tudo e muito mais.
Não entendia
por que ser tão feliz com ela
era deixar de se divertir com outras.
Não entendia mesmo
e ponto.
Ela não o amava.
E por isso, a fidelidade.
Quase nada sentia.
Talvez carinho, talvez pena.
Não sabia discernir.
Ele sempre foi um cara legal,
e é sempre bom ter um destes por perto.
Gostava de ser desejada,
de ser ouvida,
olhada nos olhos,
discutir com humor
e ele fazia isto tudo.
Uma conveniente companhia,
um orgasmo no momento de tensão e,
a grande verdade,
uma boa pessoa para conviver.
E só.
Amor, paixão, não.
Amizade sim, mas de colegas de cursinho,
nem de perto a fraternal de amigos-irmãos.
Se ele já não era interessante,
imagine o resto.
Ninguém que valha a pena para amar.
Tudo besta,
meninos crescidos,
acreditando mesmo serem alguma coisa.
Se o seu era nada,
o resto era de dar sono.
Então, não.
Não era por ele,
era por ela.
Nunca houve ninguém.
Nem haveria.
Estava só no mundo.
Veio só e assim seria nesta passagem.
Não queria dor de cabeça e,
no fim,
ele sempre seria um cara legal,
se bem tratado.
Namoraram,
casaram,
filhos e velhice.
Ele
teve vários amores.
E a venerou até a morte.
Ela
acertou na escolha
e viveu sem ser muito incomodada.
Teve certeza de que sentia:
era pena mesmo,
mas só quando ele morreu.
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